segunda-feira, 30 de setembro de 2013

A feira da abóbora

Já falamos aqui no blog sobre o quão difícil é encontrar abóboras por estes lados. Portanto, quando soubemos da existência da Feira da Abóbora em Soham, uma localidade a 40 km de March e que serve de casa a muitos portugueses (aliás tem 2 cafés portugueses e com bolos que só comemos em Portugal, tais como bola de Berlim), ficamos todos entusiasmados e convencidos a ir lá dar em espreitadela e, claro, comprar uma abóbora!

O recinto da feira era bem no centro de Soham e, por isso, muito fácil de descobrir. À primeira vista, o espaço da feira não era muito grande mas aparentava ter um pouco de tudo (ou quase tudo...). Cada adulto pagava 2 libras para entrar e as crianças entre os 12 e os 18 anos pagavam 1libra. A entrada era gratuita para crianças com idade inferior a 12 anos.

Feira da Abóbora em Soham
Dentro do recinto da feira fomos surpreendidos, pois aquilo que esperávamos ser uma feira agrícola e de venda de produtos locais (de preferência biológicos), era na verdade um misto de feira popular para as crianças, com insufláveis e tudo, vendas e rifas de angariação de fundos para diversas associações e organizações sociais e caritativas e até vendas de "mala de carro" (uma espécie de venda de garagem "itinerante" das velharias que se têm por casa). Ou seja, uma repetição de tantas e tantas "feiras" por estes lados. E abóboras...muito poucas! Uma oportunidade perdida de mostrar a miúdos e graúdos o resultado de um belo ano de colheitas por estes lados.

Parte do espaço destinado às crianças
Associação de protecção aos furões
Podíamos ainda encontrar um exposição de carros antigos (bastante bonita por sinal!), escolas locais a fazer apresentações e um músico local a animar a feira tocando êxitos dos Beatles.

Exposição de carros antigos

Na parte mais distante da entrada da feira encontravam-se alguns produtos agrícolas "em concurso" (não só abóboras, mas também nabos, courgettes, tomates, beringelas, girassóis, ...). Foram premiados pelo seu tamanho e grandiosidade, como podem ver aqui nesta foto. Alguns deles eram verdadeiros "fenómenos do Entroncamento"!

Abóbora premiada com o 1º prémio (136,5 kg!)
Lá descobrimos uma senhora que vendia abóboras (foi difícil!) e trouxemos para casa esta menina (+/- 3kg). O que vamos fazer com ela ainda está por decidir. Sugestões aceitam-se!

A abóbora que trouxemos para casa

domingo, 22 de setembro de 2013

Seguro "automóvel"... ou seguro "condutor"?

Hoje, O Meu Lado Solar volta ao registo informativo. Este post é sobre seguro automóvel e é baseado nossa experiência por cá. Esperemos que ajude quem está a dar os primeiros passos no Reino Unido e que dê aos leitores no nosso Portugal uma ideia das diferenças que se podem encontrar!

Fonte: andinaseguros.com.br

Durante a novela da legalização do carro que vos descrevemos aqui, tocamos ao de leve na questão do seguro automóvel (vamos chamar-lhe assim por enquanto!). Este é outro assunto muito particular do Reino Unido (pelo menos, por comparação com Portugal).

Tal como muitas outras coisas, o seguro automóvel é um mercado super competitivo e em que temos à disposição um arsenal de sites de "comparação" (por exemplo, MoneySupermarket, Confused.com). Nestes sites colocamos toda a informação necessária à cotação do seguro e o motor de busca encaminha-nos para as cotações mais baratas, indicando-nos todos os detalhes de cobertura das mesmas. Com um clique, somos encaminhados para o site da seguradora e é praticamente "chave na mão": estipula-se o método de pagamento e recebemos no e-mail a apólice de seguro. Sim, no e-mail! Aqui não é necessário uma "carta verde" física, pois a polícia aqui anda bem artilhada com ferramentas informáticas que lhes permite ver na rua, na hora, se determinada matrícula está legal (tem seguro válido, impostos pagos, inspecção obrigatória, ...).

Tendo dito isto, está bom de ver que quando o seguro está em vias de expirar (e ser renovado automaticamente por mais um ano), é uma corrida aos sites para procurar um novo seguro/segurador mais vantajoso. Não se vislumbra que isto possa acontecer em Portugal, pois a parte menos interessada é a própria indústria seguradora! Quanto mais as pessoas se acomodarem ao que tem, não haja ferramentas acessíveis para que as pessoas possam considerar mudar e não se vislumbre um Regulador que possa "agitar" a concorrência, "tudo vai bem no Reino das Seguradoras"...

Regra geral, fazer um seguro no Reino Unido é mais caro que em Portugal, mas há uma enormidade de factores que influenciam o preço final da apólice e que o podem tornar mais ou menos atractivo. Como em todos os seguros, estes factores influenciam o preço final com base numa chamada percepção de "risco": profissão do condutor, meio envolvente, tipo de utilização prevista... Por exemplo, mudar a localização onde deixamos o carro durante a noite de "lugar aberto à frente de casa" para "garagem fechada" pode fazer uma grande diferença... diferença que varia conforme a cidade (em March esta diferença é menor que em Londres, por exemplo).

Por falar em Londres, fazer seguro por lá pode tornar-se de tal forma caro que há muita gente que "arrisca" colocar a morada de um amigo/familiar na apólice para reduzir o prémio de seguro. No caso de novos condutores em cidades como Londres, o prémio de seguro é de tal forma elevado que está agora em vias de ser "oferecido" por seguradoras um seguro mais barato quando os condutores aceitam a colocação de uma "caixa negra" no carro. Esta caixa negra é uma espécie de "Big Brother": regista percursos efectuados (em que zonas), travagens e acelerações bruscas, velocidades médias, ... as seguradoras alegam que o condutor é duplamente favorecido por isto: para além de ter um seguro mais barato naquele ano, aumenta muito o potencial de redução do prémio de seguro nos anos seguintes. Se for bom condutor, claro! Numa perspectiva benevolente, pode-se dizer que isto é interessante... mas é realmente um caminho muito perigoso (em nossa opinião). Felizmente, muito poucos condutores têm aderido a esta "inovação".

No entanto, a diferença fundamental entre Reino Unido e Portugal em relação ao seguro automóvel é que por aqui o seguro é, na verdade, ao condutor! Explicando, quando temos um novo carro é preciso actualizar a apólice para o incluir e não fazer uma nova apólice para esse novo carro. Como a apólice é focada no condutor, é também determinado qual é o uso a dar ao veículo: se é para uso esporádico, para viagens casa-trabalho-casa, se é para uso profissional... esta parte não é diferente de Portugal. O que já não é vulgar é que muitas empresas só pagam despesas de deslocação a colaboradores, inclusivamente quando usando carros da empresa, que tenham activado na sua apólice a opção de uso profissional (Business use)!

É mais um caso de "excesso regulatório", dizemos nós, mas é disto mesmo que este país é feito. Orgulhosamente, garantimo-vos!
 

domingo, 15 de setembro de 2013

Afinal cerveja não é apenas... cerveja

Quantos tipos de cerveja conhecem? Não, não são marcas, são mesmo tipos! Pois, supomos que não vos ocorram muitos, certo? Para o comum dos portugueses, cerveja é cerveja. Quando muito existe a preta (stout) e, muito raramente, a "abadia".

Pois ao chegar ao Reino Unido é fácil ficar confuso. Para além da medida dos copos (pint - equivalente a 57cl, cerca de duas vezes um fino/imperial), há uma vasta escolha de tipos de cerveja ao balcão para um público muito conhecedor. Elas são lager, ale, stout, cider, entre outras... e todas elas tem sub-tipos, bem notórios pelas suas diferentes cores e espumas (ou falta delas). A marca vem depois!

O balcão-tipo de um pub (fonte: crownatreepham.com)

Ora bem, as nossas Super Bock e Sagres são típicas cervejas lager, cujo método de fermentação de origem alemã nos habituamos a apreciar desde sempre. Por aqui podemos encontrar muitos sub-tipos e marcas de lager, incluíndo a Sagres nas lojas Tesco (e em todas as lojas portuguesas, onde se encontra com facilidade também a Super Bock)!

Publicidade à Sagres à entrada de um Tesco Extra

Regra geral, as lagers por aqui são menos alcoólicas que em Portugal. Facto certamente não alheio à chamada "taxa do álcool" que o governo tem vindo a fazer crescer e que "castiga" o preço final da bebida em proporção directa ao volume de álcool. Assim, para manter os preços (e as vendas), as marcas têm vindo a descer a graduação das suas cervejas, fazendo o possível para que os clientes não notem a diferença...


A ale, nas suas inúmeras variantes, é a cerveja nacional do Reino Unido. Estas vão desde pale (muito clara) até brown (escura). O que, na prática, é ir de "azedo" até "azedo como rabo de gato". Este tipo de cerveja, do qual a Greene King de Bury St. Edmunds produz várias variantes, tem ainda a curiosa particularidade de ser retirada dos barris à bombada! Mas o fascínio fica mesmo por aí. O sabor estraga qualquer romantismo (mas aceitamos opiniões divergentes!).

O processo de retirada da ale

A stout (preta) "rainha" por aqui é a Guiness, ainda que seja uma cerveja da República da Irlanda. Mas há outras marcas locais a fabricar este tipo de cerveja, mas não nos sabe tão bem...

Mas a melhor de todas (a nossa favorita) é a cidra, fermentada geralmente a partir de maçã. Docinha e com sabor a fruta (que pode ser apenas maçã, mas pode ser também frutos vermelhos, por exemplo). Tão docinha que parece que estamos a beber um sumo...só quando nos levantamos é que nos damos conta que tem álcool, em regra entre 4% e 5% do volume. As cidras "rainhas", em nossa opinião, vêm da Suécia: Kopparberg e Rekorderlig. Yummy!

A Kopparberg "tutti-frutti" (essencialmente frutos vermelhos)
A Rekorderlig de maracujá, com "base" de pêra

Este tipo de cerveja, excelente para o Verão, não se encontra facilmente em Portugal (com muita pena nossa). Mas, pelo menos, é algo do qual sentimos falta quando não estamos por cá!
 

domingo, 8 de setembro de 2013

A vila floral

O Meu Lado Solar está de volta e pára hoje numa bela vila relativamente perto daqui: Bury St. Edmunds!

Após alguns passeios a sítios, em nossa opinião, pouco interessantes (e, portanto, sem grande interesse para vós também), as expectativas sobre Bury St. Edmunds não eram famosas. Mas é nestes casos que sabe melhor ser surpreendido!

O Angel Hotel

Logo ao chegar ao centro (e sem necessidade de pagar parquímetro, um luxo!), deparámo-nos com uma zona pedonal comercial, cultural e residencial que muito se assemelha ao Fórum Aveiro: ao ar livre, ampla e moderna. Só por esta zona já valeria a pena visitar a vila: pela experiência de compras descontraída, pela ida ao centro cultural ou apenas pela caminhada.

O novo shopping ao ar livre

Mas Bury St. Edmunds é muito mais que isto. Andando mais um pouco chegamos ao típico centro das pequenas vilas britânicas. Mas este está bem acima da média (pelo menos do Este de Inglaterra), não só pelo arranjo pitoresco do casario, mas principalmente pelo lindíssimo parque envolvente à Catedral de St. Edmundsbury (já de si imponente). A abundância floral do parque (Abbey Gardens) que se estende por várias ruas do centro torna Bury St Edmunds numa auto-denominada floral town (vila floral).

Os Abbey Gardens
A Catedral de St. Edmundsbury

O centro da vila é pequeno e calcorreia-se em pouco tempo de ponta a ponta. No centro há a destacar o antiga sede do mercado agro-pecuário transformado em pub há pouco cerca de um ano. Tem uma vertente de galeria de arte na entrada, o que o torna muito requintado e diferente do que estamos habituados a ver.

O pub Corn Exchange (fonte: jdwetherspoon.co.uk)

Outro edifício de relevo é a fábrica e respectivo museu da cerveja local - a Greene King - que devido ao facto de ser Domingo e tudo fechar cedo, nos vimos impedidos de visitar. No entanto, deixamos aqui uma foto da entrada. Esta cerveja é bem popular, encontra-se em qualquer pub de Inglaterra e Gales e é do tipo ale (que está longe de ser o nosso tipo de cerveja preferido). Havemos de voltar a falar de cerveja em breve...

Fábrica e museu da Greene King

Na envolvente, para além da habitual planície verde, existe um forte complexo industrial/comercial (quando comparado com o resto da região), do qual salta imediatamente à vista a fábrica da British Sugar. Lá se encontra também um grande hospital do serviço nacional de saúde (NHS), o West Suffolk Hospital.

Bury St Edmunds não tem aquele estilo vibrante, jovem e variado que, por exemplo, Cambridge tem. No entanto, alia muito bem sossego e qualidade de vida com a proximidade a serviços, que a torna numa vila muito atraente para se viver! Recomendado!

Uma das entradas dos Abbey Gardens