segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

A educação "positiva"

Este post é dedicado a algo que me deixou "chocada" logo nos primeiros dias de trabalho, mas em linha com o que já me vinha deparando no dia-a-dia. Mais do que falar em diferenças culturais, queremos aqui falar de diferenças educacionais bem vincadas entre as nossas crianças e as crianças do Reino Unido.

Desde cedo que todos os pais ensinam aos seus filhos o que é certo e o que é errado, a diferença entre o bem e o mal, o que eles podem ou não fazer. A isto chamamos impor limites e definir claramente até onde as crianças podem e não podem ir. Consequência disto é o facto de, quando a criança passar esses limites, sofrer uma consequência para aprender a lição e não voltar a repetir a "gracinha" na próxima vez. Naturalmente, que falamos aqui de consequências negativas tais como castigos (ex.: ir directamente para a cama logo que acabe de jantar, ficar sem ver TV durante 3 dias, etc.).

Pois bem, aqui no Reino Unido, as coisas não são bem assim. Lido diariamente com crianças e adolescentes bem difíceis, que constantemente testam todos os limites e mais algum. E que lhes acontece? Nada, na verdade. E eles sabem bem disso. A lógica no Reino Unido é reforçar os comportamentos socialmente aceitáveis e não prestar atenção aos comportamentos erróneos, através do pressuposto da extinção desses comportamentos pela desvalorização dos mesmos. Resultado? Não há consequências negativas para estes miúdos! É mesmo assim e não estou a exagerar! É assim que as coisas funcionam por cá, foi-me dito. Quando queremos que um miúdo faça alguma coisa ele tem de receber sempre alguma coisa em troca para o fazer. Por exemplo, para arrumar o quarto tem de receber dinheiro (5 libras, por exemplo). E perguntam vocês: mas eu arrumo o meu quarto e ninguém me paga? Pois é, mas aqui os miúdos são educados maioritariamente assim. Mas há um ou outro limite que conseguimos estabelecer. Por exemplo, a proibição do consumo de refrigerantes e bebidas altamente açucaradas (e "cafeínadas") como o Red Bull. Sabem o que disse um profissional de saúde aquando de uma visita? Que esta regra era um atentado aos direitos das crianças! Imaginam isto? Ainda bem que se trata de um profissional da saúde e não do ensino, pois assim não corremos o risco dele ensinar um filho nosso!

Mas tudo isto deixa-nos a pensar bastante sobre ter e educar os nossos filhos neste país tão diferente do nosso, e o infantário/escola onde o colocar. Uma coisa é certa: filho nosso vai saber a diferença entre o que pode e não pode fazer e que se ultrapassar o limite é castigado. Nisto Portugal está milhares de anos-luz à frente do Reino Unido!
 

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

"Faz tu mesmo" - parte 2 - dia de ser "sapateiro"

Ora chegou bem depressa o dia de estrear o meu kit de sapateiro! Tínhamos aqui um par de botas cujas capas dos tacões estavam a dar as últimas. Logo, toca a comprar um par de capas novas!

Capas de bota de senhora
Aqui vai o meu "tutorial" de sapateiro "faz-tu-mesmo", baseado no vídeo deste senhor. O primeiro passo para substituir as capas é, naturalmente, retirar as anteriores.

Primeiro passo - retirar as capas antigas (usei um alicate de corte)
Em seguida, há-que lixar o tacão, a fim de retirar os vestígios de cola do tacão anterior. Lixei também os novos tacões para aumentar o atrito dos mesmos (para melhorar a colagem).

Lixar os tacões (usei uma lixa de média rugosidade - P100)
Aplica-se um pouco de cola de sapateiro nas solas e espalha-se usando uma esponja velha. Não é necessário muita cola!

Aplicar e espalhar cola

Esperamos entre 15 a 20 minutos. É o momento de juntar o tacão à nova capa. Como sabem, a cola de sapateiro é uma cola de contacto e por isso temos de pressionar firmemente ao fazer a junção das duas peças.

Unir o tacão com a nova capa
Deixamos as capas repousar cerca de 12 horas. Eu deixei da noite para o dia. Sim, 12 horas parece excessivo, mas segui as instruções como quem vende o peixe pelo mesmo preço que o compra...

Deixar assentar a colagem

O pormenor dos elásticos tem a ver com a ajuda que podem dar a firmar o contacto entre os tacões e as nova capas.

É agora altura dos acabamentos. Precisamos em primeiro lugar de cortar o "excesso" das capas. A faca a usar é importante. Uma faca com ponta em gancho (em J invertido) é o ideal, pois ajuda a fazer o seguimento do contorno do tacão.

Cortar o "excesso" das capas

Por fim, é altura de colocar quatro pregos de 20 mm em cada tacão, como medida de segurança.

Colocar quatro pregos em cada tacão

E voilá!

Missão cumprida!

Devo confessar que os acabamentos não ficaram uma perfeição, mas penso que está bastante razoável para uma primeira vez!

Aqui está um exemplo de uma coisa que se pode fazer em casa sem especiais conhecimentos e gastando quase dinheiro nenhum e que lá fora seria, como eles chamam aqui, um "rip off".
 

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

"Faz tu mesmo" - parte 1

Quando falamos em "faz tu mesmo" (do it yourself em inglês), alguns poderão associar imediatamente a "auto-ajuda" ou outros termos pomposos para a resolução de problemas "por si mesmo". Não é de nada disso que este post se trata. Ou talvez sim...!

O "faz tu mesmo" é uma expressão que incorpora todo o tipo de pequenos trabalhos (pinturas, consertos, limpezas, arranjos, etc.) que fazemos nós mesmos em vez de recorrermos a "profissionais". Eu já desconfiava o porquê disto ser tão popular no Reino Unido, mas tive a confirmação há poucas semanas!

Na verdade, esta "auto-ajuda" é uma grande ajuda ao bolso! Depois de ter sido explorado de forma quase pornográfica há poucas semanas ao mudar duas simples baterias de relógio de pulso e ajustar uma bracelete, decidi meter as mãos à obra daí em diante. E "fazer eu mesmo"!

Apresento-vos o meu kit de "auto-ajuda" ao arranjo de relógios (16 peças):


Legenda:
1 - 1 removedor de elos de bandas metálicas
2 - 1 martelo de precisão
3 - 1 suporte para bandas de relógio
4 - 1 chave de abertura de tampa de relógio
5 e 7 - 2 chaves tipo "Phillips"
6 - 1 chave de remoção de bandas de relógio
8 - 3 chaves de fendas
9 - 1 canivete para abertura de tampa de relógio
10 - 1 pinça
11 - 1 alicate de pontas plano
12 - 3 punções metálicos

Já tenho também um carregamento de pilhas para todas as necessidades!


Tudo isto custou-me menos de um terço do que paguei para mudar 2 pilhas e retirar dois elos de uma banda metálica...

Antecipando o potencial tombo de fazer pequenos arranjos em sapatos, também já adquiri o "kit de sapateiro"!

Alicate de corte
Lixas de várias rugosidades

Cola de sapateiro

Faca com lâmina em gancho

Pregos de 20 mm

O "kit de sapateiro" vai ser usado muito em breve, portanto fiquem atentos ao blog!!
 

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Postais para todos os gostos e feitios

Há tradições que lutam por resistir no tempo em que permanentemente se procura a "next big thing". Por aqui, os postais são uma dessas tradições.

O acto de enviar postais parece ter entrado em declínio acelerado aquando do aumento de popularidade das mensagens de telemóvel, dos e-mails e, agora, das redes sociais. Falo por mim, muito poucos são agora os postais que escrevo por ano! E seguramente falo por muitos, pois em Portugal tenho ideia de ver decrescer a oferta de postais nas papelarias (estas também em vias de extinção!) e nas grandes superfícies ao longo dos últimos dez anos, pelo menos.

Pois no Reino Unido salta à vista uma realidade diferente. O postal ainda é muito forte por cá! Em qualquer zona comercial deste país se encontram lojas de postais, a maior parte delas franchises de grandes companhias. Lojas enormes, com milhares e milhares de postais para escolher. É uma perdição para quem gosta!

E há postais de tudo: para os pais, irmãos, primos, cunhados, sogros e demais família; mas também para os namorados (incluindo casais gay!), amigos, colegas de trabalho que se vão reformar, etc. E para todas as ocasiões: para além das mais vulgares, também há postais para despedidas de solteiro (que aqui são um espectáculo à parte), desejos de melhoras, boas-vindas/retorno a casa, pedidos de desculpa, e muito mais.

Os tempos não estão fáceis para ninguém e a Clinton Cards, que era uma das maiores no ramo, entrou em reestruturação há uns meses e veremos se se aguenta. O mercado já não dá para todos... a Card Factory, que é a nossa preferida, é agora um dos líderes no negócio dos postais aqui no Reino Unido. Lojas com uma inacreditável quantidade de postais e outras lembranças a preços super baixos (comparados com Portugal).

Uma loja da Card Factory (fonte: http://www.visitblackburn.co.uk)

Isto para já não falar dos super e hipermercados, que têm sempre uma secção mais ou menos recheada de postais.

Em suma, em 2013 muitas pessoas no Reino Unido continuam a ver no postal a melhor forma de assinalar os pequenos e grandes momentos da sua vida. E ainda bem! Esperemos que por muito tempo!

Desde há umas semanas que se vive a febre do Dia dos Namorados. Vai ser o primeiro postal do ano! E para vocês?