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domingo, 28 de outubro de 2012

A saga do reconhecimento - parte II

Prestes a viver o período da Páscoa (inícios de Abril), volto a contactar as minhas referências neste processo para lhes pedir uma carta detalhada da minha actividade profissional durante o período em que trabalhei com cada um deles. Enquanto esperava que esta informação chegasse por correio (porque que tinha de enviar os originais assinados por eles!), descrevi detalhadamente toda a minha vida desde que entrei na universidade até que vim para o Reino Unido. Não quis que lhes faltasse nada!...

Dia 17 de Abril estava a enviar mais um grande pacote para fundamentar e fornecer a tal informação "adicional" requerida. Mais de 15 dias depois, mais precisamente no dia 2 de Maio, recebo nova carta a dizer que receberam a minha reposta ao pedido deles. Deve ter sido problema dos correios (mais) este atraso... na carta disseram que tomariam a decisão final até 3 semanas após a data da carta. Mas o facto é que só dia 3 de Julho (quase 3 meses depois, e após um sem número de chamadas com respostas evasivas e, por vezes, revoltantes!) recebo a tão desejada e mais do que esperada notícia: estava autorizada a exercer Psicologia no Reino Unido! Finalmente, as coisas estavam a melhorar a olhos vistos desde que cá chegamos!

E desde esse passo até começar a ir a entrevistas passou-se apenas cerca de 1 semana! E daí até arranjar emprego menos de 1 mês e meio! Claro que isto não quer dizer que seja assim tão fácil encontrar emprego, é apenas a minha experiência!

Com o meu exemplo, pretendo alertar os eventuais interessados para esta provável espera mas que, tal como eu, se não desistirem valerá bem a pena no fim! No Reino Unido, como em quase toda a Europa, as coisas não estão fáceis e logicamente tenta-se priorizar os nacionais. Os estrangeiros têm de demonstrar muito claramente que são uma mais valia para poderem ser aceites. Mais ainda num país que claramente está com um pé (e meio, dizemos nós) fora da União Europeia e que tende a desvalorizar tudo o que venha do "continente"...

A HCPC regula o exercício das seguintes profissões: técnico de análises clínicas, podologista, terapeuta ocupacional, paramédico, dietista/nutricionista, ortopedista, fisioterapeuta, psicólogo, protésico/ortodontista, radiologista, assistente social (em Inglaterra apenas) e terapeuta da fala. Sem o reconhecimento da HCPC, ninguém pode usar estes títulos profissionais (logo, não pode trabalhar no país). E já se sabe como são os Britânicos quanto às regras...mais, qualquer denúncia quanto à prática de um qualquer profissional destas áreas é analisada e eventualmente sancionada pela HCPC.
Caso pretendam saber mais sobre este a regulação destas profissões, deixo o link da HCPC. Uma outra nota que deixo é que o exercício de qualquer destas profissões não é por tempo indeterminado. Tem de ser renovado de dois em dois anos! Mas isso é igual para todos, nacionais e estrangeiros.

Já os médicos e enfermeiros têm outros reguladores, portanto não posso comentar como será o seu processo. Mas pela amostra do que temos visto, parece-nos que o processo para a regulação dos enfermeiros tem menos empecilhos. Talvez pela grande carência destes profissionais por cá...são uma verdadeira comunidade já! Visitem a Diáspora dos Enfermeiros para o comprovarem!

Boa sorte, caso decidam seguir-nos o exemplo, e não desistam pois também não desistimos e chegamos até aqui!
 

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

A saga do reconhecimento - parte I

Este post pretende ser mais didáctico (e em jeito de desabafo!) para o pessoal do ramo das Ciências e Tecnologias da Saúde interessado em vir trabalhar para o Reino Unido.

Ora bem, a minha história com a Health and Care Professions Council (HCPC), anteriormente designada por HPC (Health Professions Council), começou em Setembro do ano passado quando imprimi o formulário (medonho q.b.!) para dar início ao processo de ver reconhecidas as minhas habilitações académicas e experiência profissional para obter o direito de exercer a profissão de Psicóloga no Reino Unido.

Desde o preenchimento até à recolha de toda a documentação passou-se mais de um mês. Isto porque estes senhores são muito exigentes e quiseram uma descrição sumária de todas as disciplinas de todos os cursos superiores que tenha frequentado. Imaginam o comboio de folhas e a trabalheira necessária para vasculhar esta informação e traduzi-la! Mais, eles exigiram que fossem as próprias pessoas que dei como referências a preencher a parte que lhes diz respeito (e à mão pois claro, nada de novas tecnologias!). Além de duas referências profissionais, tive também de indicar uma referência de carácter (que atestou a bondade da minha pessoa!).

Após 15 dias de "caça" às minhas referências, lá reuni toda a informação necessária. No dia 15 de Novembro de 2011 enviei o formulário por correio, juntamente com toda a informação solicitada. Recebi uma carta da HCPC no dia 3 de Dezembro a dizer que tinham recebido a minha candidatura e que me dariam uma resposta sobre a sua aceitação até 16 semanas a partir desta data.

No início de Fevereiro (e já a viver no Reino Unido) ligo para a HCPC a saber notícias do meu processo, pois o prazo das 16 semanas estava a chegar ao fim. Os senhores dizem-me que estão à espera que a Ordem dos Psicólogos em Portugal confirme o meu estado de "membro efectivo" e da confirmação do meu grau de Mestre por parte da minha Universidade. Surpreendida com a demora destes dois organismos portugueses para responder a 2 perguntas tão simples, questiono a HCPC sobre o endereço para o qual solicitaram esta informação. Qual não é o meu espanto quando estes senhores me dizem que enviaram o email para a APP (Associação dos Psicólogos Portugueses)! Mas que tem a APP a ver com isto? Nada, mesmo! O organismo que regula a profissão de Psicólogo em Portugal é a Ordem dos Psicólogos. Estes senhores nem ler uma tradução oficial souberam, pois estavam lá escritos todos os contactos! Entretanto, em relação à Universidade, o email tinha ido para os serviços académicos centrais e andava por lá perdido. Portanto, lá contactei os serviços académicos e expliquei a situação. Eles enviaram a informação e o assunto estava arrumado (pensava eu...).

Entretanto, um mês depois de ultrapassadas as 16 semanas (e após muitas chamadas) recebo uma carta em casa (finais de Março, portanto!). Fiquei num misto de alívio e tensão, pois o facto de estar em casa a ver os dias a passar estava a começar a mexer bastante com o meu sistema... (além do mais, longe do suporte da família e amigos).

Mas afinal a carta não passou de uma grande desilusão, pois os senhores da HCPC decidiram suspender a sua decisão final até eu fornecer mais informação (ainda!). Que balde de água fria!! Foram dias verdadeiramente difíceis...

Mas como sou uma mulher do Norte e desistir não faz parte do meu vocabulário, decidi mostrar a estes senhores que tinha valor e que era tão boa como eles a desempenhar a minha profissão!

A saga continua no próximo post!