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sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

O Natal, lá e cá

Com o Natal a chegar, anda toda a gente atarefada com os preparativos. As preocupações com comida por aqui não são tão grandes como em Portugal (pelo menos pelos nossos lados), mas há uma azáfama muito própria da época no ar.

O prato central do Natal em Inglaterra (na maior parte dos lares) é o peru recheado assado no forno, com todos os acompanhamentos habituais. Nao é muito diferente de alguns sitios em Portugal, onde em vez do bacalhau/polvo há peru. A grande diferenca está em quando isso acontece. Enquanto que em Portugal o "grande momento" é na véspera e a antecipação da meia noite têm um grande papel, no Reino Unido o que conta mesmo é o dia de Natal.

Peru de Natal à Britânica
A véspera de Natal é uma noite como as outras por aqui. Pelo contrário, o dia de Natal funciona com um grande dia de "Sunday lunch". Toda a gente arrebita (mais ou menos) cedo, abrem-se presentes, vai-se à missa de Natal (os que vão) e ao parque em família e almoça-se tarde (comparado com o normal), mas em grande. No inicio da refeição todos rebentam em conjunto os famosos "crackers" e vêm o que lhes calhou em sorte. Para além da "coroa" de Natal, vem sempre um brinde ou uma anedota. É assim uma espécie de "kinder surpresa", que ajuda a animar as hostes para a longa tarde.


Acaba por ser a única refeição do dia, a que se seguem jogos e/ou filmes. Felizmente nunca tivemos a experiência em primeira mao de um dia de Natal por Inglaterra, mas é assim que costuma funcionar, segundo amigos. Em Portugal, bem sabemos, o dia de Natal é também bastante atarefado, mas o ambiente ja é um bocadinho mais de "ressaca", dada a comezaina da noite anterior. A energia começa-se a esgotar logo a seguir ao almoço e acaba por nao haver tanto "movimento" como na noite anterior.

Independentemente das diferenças, o Natal como sempre o conhecemos é o "nosso" Natal e não o mudariamos nem um bocadinho. Tenho a certeza que os britânicos pensam o mesmo em relação ao "seu" Natal. De uma forma ou de qualquer outra, um Feliz Natal para todos!!

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Fogo que queima a carteira!

Qual é a probabilidade de em Portugal alguém pagar para ir ver um banal fogo-de-artifício? E quando o valor a pagar é 7 euros para os adultos, 6 para as crianças e 22 para uma família com dois filhos? E, mais precisamente, quem pagaria estes valores (ou outros quaisquer) quando o mesmo fogo é visto do outro lado da “cerca”, a uns metros de distância, completamente à borla? Ah, e sem uma motivo de “caridade” muito concreto para justificar este pagamento. Quase zero? Bem, é o que nos parece. Mas se tivessem vindo a Bury St Edmunds no passado Sábado teriam mais uma prova de que existem diferenças culturais entre Portugal e o Reino Unido!

fonte: bury-st-edmunds.roundtable.co.uk

Cerca de sete...mil (!!!) pessoas, de acordo com os jornais locais, juntaram-se nos Abbey Gardens ao início da noite de Sábado para experienciar aproximadamente 20 minutos de fogo-de-artifício. Engarrafamentos e a quase impossibilidade de estacionar no centro provaram-nos o quão podemos ainda ser surpreendidos neste país. Ao ver aqueles preços, nunca nos passou pela cabeça aquele panorama.

fonte: buryfreepress.co.uk
Este espectáculo insere-se na tradição anual do Bonfire, que explicamos no blogue noutra ocasião. Ninguém leva o evento pirotécnico muito “a sério” (em termos de motivações) mas no fundo é uma espécie de “Dia do Orgulho Anglicano”. O que é realmente levado muito a sério é o aspecto lúdico do Bonfire. Em todos os cantos e esquinas encontramos “kits” de pirotecnia, para todos os orçamentos, para rebentar com o maior estrondo possível chegado o dia. É realmente impressionante, mesmo em pequenas vilas. Parece um ataque aéreo massivo! Perigoso? Sim, sem dúvida, pensamos nós, mas a realidade é que não se ouvem grandes preocupações com isto numa tradicionalmente "securitária" sociedade britânica!

fonte: burymercury.co.uk

Bem, mas para ser justo com o povo britânico, é muito raro ver fogo-de-artifício ao longo do ano. Vemos no Ano Novo em Londres e Edimburgo, mas pouco mais. Não é um país de “foguetes”. O que contrasta com o país do foguetório que somos, em que todas as terras e terrinhas, festas e festinhas têm de ter fogo-de-artifício para a celebração ser “como deve ser”! E então ouvimos foguetes “noite sim, noite não” de Junho a Setembro, o que diminui o “valor” dos foguetes e do espectáculo associado. É compreensível a excitação, mas daí a pagar 7 euros para ver fogo-de-artifício no céu que é de todos… ainda não estamos assim tão “british”!
 

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Bem recebidos? Não em todo o lado...

Temos vindo a dizer a todos e até aqui no blog que o Reino Unido é um país em que em geral os estrangeiros são bem recebidos. O "em geral" tem vindo a ganhar preponderância na frase anterior, tendo em conta algumas experiências recentes.

Da passagem por Cardiff guardamos um povo afável e aberto à diversidade. A transição para March não foi fácil, como escrevemos aqui na altura, pois foi um mini-choque cultural (e demográfico, porque não dizê-lo). Ainda assim, March é um lugar que não esqueceremos e mantemos belas recordações do tempo em que lá estivemos.

Viver em Bury St Edmunds é, por assim dizer, um "meio termo" entre viver numa cidade predominantemente jovem e multi-cultural como Cardiff e numa pequena vila nas profundezas da Inglaterra rural (March). Bury St Edmunds é uma vila elegante que mantém um equilíbrio muito bem conseguido entre tradição e um estilo de vida moderno. O charme de Bury St Edmunds certamente aumentou com a presença significativa de uma (endinheirada) comunidade norte-americana, dada a presença de duas bases aéreas nos arredores.

Contudo, quando partimos à descoberta daquilo que é a East of England (Este de Inglaterra, do qual fazem parte March e Bury) já fomos deparamos com surpresas menos agradáveis, que claramente resultam do crescente clima de hostilidade em relação a todos os que não são "British". Numa das ocasiões tentamos encontrar um sitio para jantar numa terra bastante rural a cerca de 15 milhas de Bury St Edmunds, e em que nos foi dito que não havia mesa para nós. Num sítio, tudo bem. Em dois... ao terceiro acabaram-se as dúvidas, apesar do subtil toque de "politeness" à inglesa. O sotaque determinou, com certeza, e o facto de naquele dia estarmos vestidos "à Verão" também não terá ajudado.

Pensamos que este tipo de situações acontece mais em lugares rurais onde o desconhecimento e a "pequenez"  de espírito é mais evidente. Não é definitivamente algo generalizado, felizmente!

Já falamos com emigrantes como nós a viver em Londres e todos são peremptórios em afirmar o quão integrados estão e como nunca sentiram discriminação pela nacionalidade. Não é difícil de acreditar, tendo em conta o quão especial e "multi" Londres é. Contudo, lugares como Thetford e Boston são a pouco mais de uma hora de distância (muito perto para o padrão britânico) e os portugueses que por lá encontramos certamente têm uma história bem diferente para contar...

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

"Mais ou menos" ou "not too bad": Portugal e Reino Unido não parecem assim tão diferentes!

Em Portugal temos a noção que somos dos povos mais pessimistas pois frequentemente ouvimos as pessoas dizer "Como estás? Estou mais ou menos." Ou "vai-se andando".

Pois os ingleses não parecem assim tão diferentes! Quando se lhes pergunta"How are you?" geralmente respondem "not too bad", muito raramente "could be worse" e quase nunca "good, thank you. Yourself?". Mesmo que estejam de férias ou tenham recebido uma boa notícia. Seja face a face ou ao telefone (mesmo que pareçam felicíssimos ao telefone, toda a gente parece "adorar" receber chamadas!). Dizer "good, thank you" parece só reservado aos estrangeiros. O "not too bad" é mesmo um vício, aposto que a maioria dos que nos lêem e moram por estes lados concordam!

 O pior é que "not too bad" não parece querer dizer grande coisa: "podia estar pior" ou "não se vai (demasiado) mal"? São duas faces da mesma moeda que não tem necessariamente o mesmo impacto nos menos avisados (os estrangeiros, claro). A verdade é que, segundo eles, "not too bad" é suposto significar "está tudo bem". Dizem-no assim para serem muito "polite" (bem comportados) e não parecerem gabarolas ou não ferirem susceptibilidades...yeah, right!

 Nós por cá estamos sempre "good, thank you", pois se assim não fosse mais valia não estar cá!


quinta-feira, 24 de julho de 2014

Particularidades de ser nativo de uma das línguas mais faladas no Mundo!

O Inglês é a terceira língua mais falada no mundo, apenas ultrapassada pelo Chinês e pelo Espanhol. Este dados dizem respeito a uma sondagem feita pelo Observatório da Língua Portuguesa, realizada em Julho do ano passado. O Português é a quinta língua, graças principalmente ao Brasil.

As 10 línguas mais faladas no Mundo (clicar para expandir). Fonte: http://observatorio-lp.sapo.pt/Grafico/10-linguas-mais-faladas-no-mundo
Isto faz com que por estes lados a população seja muito resistente a aprender uma língua estrangeira, seja ela qual for. Embora contrariados, os ingleses lá são obrigados a aprender uma língua estrangeira já que faz parte do currículo escolar britânico a aprendizagem do espanhol, francês ou alemão. Mas trata-se duma aprendizagem tão elementar que eles não são capazes de dizer o básico para conseguirem ter uma conversa mínima quando de férias em França ou Espanha. E nem com a passagem do "Tour de France" por terras de Sua Majestade este ano os ingleses se esforçaram para aprender alguns palavras pois ouvimos numa das emissões regionais da BBC Radio o seguinte: "eles falam inglês não falam, portanto porquê preocupar-nos?". Aqui fica um cheirinho do como foi vivido o "Tour de France" por estes lados.


More than one million cycling fans lined the streets of Yorkshire this morning for the historic opening stage, which saw all 198 riders line up in the centre of Leeds for the Grand Depart
"Tour de France" numa das ruas de Yorkshire. 
[Fonte: dailymail.co.uk]

A Família Real à espera de ver os primeiros ciclistas a cortar a meta.
[Fonte: dailymail.co.uk]


E depois admiram-se que os estrangeiros falem 3 línguas ou mais... sim, podemos ter sotaque, mas como disse alguém: "Se tenho sotaque, é porque falo pelo menos mais um idioma que tu!".

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

"Tenho 30 anos e moro com os meus pais. Serei normal?..."

Esta pergunta do tipo "Dra. Ruth" resume o que esteve em discussão esta manhã na rádio local, que pude acompanhar a caminho do trabalho. O animador fez o seguinte pedido/convite: ouvintes que tivessem filhos entre os 20 e os 34 anos que ainda morassem com eles, que ligassem para o programa a relatar a sua experiência, nomeadamente se não sentiam falta de ter o seu espaço como casal. Isto porque aparentemente nos últimos dois anos disparou no Reino Unido o número de casais cujos filhos têm entre 20 e 34 anos e ainda moram com os pais. Surpreendidos?! Nem por isso, não é? Afinal esta é a realidade que encontramos em Portugal (pelo menos nas zonas mais urbanas).

Ao contrário do Reino Unido, em Portugal é relativamente comum os filhos viverem em casa dos pais até estes terem 30 anos (ou mais!). E isto não é mal visto pela sociedade, pois são raros os jovens adultos que hoje em dia conseguem arranjar trabalho depois de terminado o seu percurso no ensino superior. E aqueles que conseguem arranjar trabalho, é um trabalho bastante precário e que não dá para serem financeiramente independentes da família. Por outro lado, talvez o típico jovem português seja mais ambicioso que o típico britânico, que faz as malinhas e vai viver por conta e risco para fazer o que aparecer em vez de prosseguir os estudos. Deste modo os pais portugueses, cientes de dificuldades passadas e querendo o melhor para os seus filhos, vão alimentando esta ambição mesmo à custa de grandes sacrifícios.

Ainda assim, diferenças culturais à parte, temos de ser justos: a esmagadora maioria dos pais britânicos pode trabalhar a vida toda e fazer todos os sacrifícios que dificilmente conseguirá pagar (sem um belo empréstimo...) o valor de propinas por estes lados de um mero curso de três anos: entre 9 e 11 mil euros por ano para estudantes da UE e caso sejam fora da UE o valor sobe, e bem!! Estes valores dispararam em 2012. Imaginem os valores para mestrados... E isto esquecendo as outras despesas associadas! Esta grande diferença de custos pode assim justificar em parte o facto de relativamente poucos jovens britânicos irem para o ensino superior mal fazem os chamados A-levels, exames equivalentes aos exames nacionais em Portugal, e ingressarem no mercado de trabalho. E depois claro quando eles começam a ter alguma estabilidade financeira, não a querem largar e ficam com o que têm em vez de lutarem por mais. Mas não os podemos julgar pois os seus pais quando eles fazem 18 anos põem-lhes as malas à porta e dizem para eles irem à vidinha deles. Pelos menos, é o que faziam até há pouco tempo e parece agora estar a mudar...

Tenho muita sorte por ter nascido em Portugal e ter uns pais maravilhosos, aliás sem eles jamais teria conseguido chegar onde cheguei. OBRIGADA!!!
 

domingo, 19 de janeiro de 2014

"Passou-bem"... ou não!

É de conhecimento geral que os portugueses são vistos como um povo hospitaleiro pelos que nos visitam! Esta afirmação só faz sentido na existência de um ou vários pontos de comparação. É que, por sua vez, os povos do Norte da Europa são vistos como frios e pouco amigáveis a quem vem de fora.

No caso dos britânicos, pensamos que não é bem assim: são um povo mais acolhedor considerando a maioria dos que tivemos e temos o gosto de conhecer, seja através de viagens ou conhecimento pessoal. São regra geral abertos a conhecer o outro e isso é o primeiro passo do acolhimento. Mas isso não significa que não haja diferenças bem vincadas!

As diferenças começam no cumprimento: muito raramente temos apertos de mão ou beijinhos (e só um, se houver). Abraços, ainda menos! Aqui normalmente só existem estes cumprimentos "formais" quando as pessoas se conhecem ou após uma longa ausência. No dia-a-dia, não há cumprimentos para além um "bom dia" ou "boa noite" (se tivermos sorte, pois há muita gente que entra e sai como se nada fosse ou ninguém estivesse lá...). Esta é uma marcada diferença cultural, que não tem muito a ver com ser-se muito ou pouco educado: é como é. Fomos criados de forma diferente e estranha-se bastante ao início, mas passa, ou não fossemos portugueses!

Ainda assim notamos diferenças quando comparando as regiões do Reino Unido onde vivemos. Por exemplo, no País de Gales é comum as pessoas meterem conversa no autocarro ou à espera dele na paragem, principalmente as pessoas de mais idade, fazendo conversa sobre o tempo ou sobre o seu destino naquele dia. Já em Inglaterra isso não se nota, chegando mesmo a "tocar" a indiferença pois ninguém quer saber da vida do outro (e isso pode ser bom ou mau, claro). Estilo de vida ou diferenças na educação são duas explicações possíveis para estas diferenças. Mas claro que nós estranhamos esta mudança quando viemos morar para Inglaterra. Mas já encontramos por aqui excepções (sem a influência do álcool!), pois aqui toda a gente é muito amigável depois de alguns pints de cerveja!E certamente a maior parte das pessoas interessa-se, têm sim uma forma diferente de o demonstrar.

Também, devido ao facto das pessoas praticamente não comerem durante o dia, não há aquela desculpa da pausa de almoço, em que as pessoas se juntam e falam (de trabalho ou não). Portanto, cada um encontra o ritmo ou altura certa para comer qualquer coisa e depois retoma ao serviço. Isto é mais ou menos comum a todos os sectores de actividade por aqui! Sejam lojas, escritórios, universidades, hospitais, ... é assim. Isto estende-se às pausas para café, que por cá não existem, visto que a toda a hora é hora de café e chá (canecas bem cheias, claro). Isso é que é mais difícil de nos habituarmos, ai o nosso cafézinho...

Ou seja, não há aquele contacto mais "amigável" durante o dia, como há em Portugal (o que nem sempre é bom, como sabemos). Mas nunca pior. Ao fim de algum tempo já nem se pensa nisso! Mas isto não significa conformismo. Bem gostávamos que fosse diferente, mas como a nossa terra... só a nossa terra!


segunda-feira, 30 de setembro de 2013

A feira da abóbora

Já falamos aqui no blog sobre o quão difícil é encontrar abóboras por estes lados. Portanto, quando soubemos da existência da Feira da Abóbora em Soham, uma localidade a 40 km de March e que serve de casa a muitos portugueses (aliás tem 2 cafés portugueses e com bolos que só comemos em Portugal, tais como bola de Berlim), ficamos todos entusiasmados e convencidos a ir lá dar em espreitadela e, claro, comprar uma abóbora!

O recinto da feira era bem no centro de Soham e, por isso, muito fácil de descobrir. À primeira vista, o espaço da feira não era muito grande mas aparentava ter um pouco de tudo (ou quase tudo...). Cada adulto pagava 2 libras para entrar e as crianças entre os 12 e os 18 anos pagavam 1libra. A entrada era gratuita para crianças com idade inferior a 12 anos.

Feira da Abóbora em Soham
Dentro do recinto da feira fomos surpreendidos, pois aquilo que esperávamos ser uma feira agrícola e de venda de produtos locais (de preferência biológicos), era na verdade um misto de feira popular para as crianças, com insufláveis e tudo, vendas e rifas de angariação de fundos para diversas associações e organizações sociais e caritativas e até vendas de "mala de carro" (uma espécie de venda de garagem "itinerante" das velharias que se têm por casa). Ou seja, uma repetição de tantas e tantas "feiras" por estes lados. E abóboras...muito poucas! Uma oportunidade perdida de mostrar a miúdos e graúdos o resultado de um belo ano de colheitas por estes lados.

Parte do espaço destinado às crianças
Associação de protecção aos furões
Podíamos ainda encontrar um exposição de carros antigos (bastante bonita por sinal!), escolas locais a fazer apresentações e um músico local a animar a feira tocando êxitos dos Beatles.

Exposição de carros antigos

Na parte mais distante da entrada da feira encontravam-se alguns produtos agrícolas "em concurso" (não só abóboras, mas também nabos, courgettes, tomates, beringelas, girassóis, ...). Foram premiados pelo seu tamanho e grandiosidade, como podem ver aqui nesta foto. Alguns deles eram verdadeiros "fenómenos do Entroncamento"!

Abóbora premiada com o 1º prémio (136,5 kg!)
Lá descobrimos uma senhora que vendia abóboras (foi difícil!) e trouxemos para casa esta menina (+/- 3kg). O que vamos fazer com ela ainda está por decidir. Sugestões aceitam-se!

A abóbora que trouxemos para casa

sexta-feira, 31 de maio de 2013

Parques de estacionamento: um verdadeiro tormento!

Regra geral, ter carro no Reino Unido é boa ideia.

As distâncias a cobrir são muito grandes (quando comparamos com Portugal), o terreno é tendencialmente plano, os custos são relativamente reduzidos (contam-se pelos dedos de uma mão as portagens no país inteiro e o custo do combustível é razoável). O sistema de comboios é extremamente eficiente mas, em muitos casos, caro. Logo, ter um carro é uma escolha óbvia para quem mora fora de Londres (sim, um carro em Londres é só mesmo para quem for doidinho, precisar mesmo muito ou tiver muito dinheiro).

Tendo dito isto, "não há bela sem senão", como diz o povo. E este "senão" irrita tanto que por vezes faz esquecer as vantagens acima. Estou a falar de estacionar e, mais concretamente, de parques de estacionamento!

O símbolo de Park & Ride (fonte: nph.de)
É praticamente impossível estacionar livremente no Reino Unido. Ou é proibido estacionar (linha amarela), ou os lugares estão reservados a moradores (muitíssimo frequente) ou há parquímetros (regra geral: muito poucos, muito caros e utilizáveis por um período muito limitado de tempo - até duas horas de permanência). Há também parques de estacionamento de longa duração junto aos centros das cidades, mas são, como se diz aqui, eyewatering (tão caros que até fazem chorar...).

O cúmulo disto é em Peterborough onde, para além de não se conseguir estacionar em lado nenhum da cidade a preços razoáveis, até para estacionar no hipermercado ASDA se tem de pagar! E o pessoal paga mesmo! O tio Belmiro qualquer dia ainda se vai lembrar disto...

Ah e se pensam "estaciona-se à Português", esqueçam. Aqui não há brincadeiras: caso não seja a (eficiente) vigilância a apanhar-vos mal estacionados, os locais fazem-vos esse favor. Já ambos tivemos o desprazer de sermos "convidados" a estacionar noutro sítio, mesmo não estando a chatear ninguém...

Existe uma outra alternativa, da qual temos sido grandes adeptos ultimamente, depois de muitas e desesperantes tentativas nos centros de algumas cidades.

Autocarro de Park & Ride em Oxford (fonte: showbus.com)
É o chamado Park & Ride (P+R): a troco de um bilhete de ida e volta de autocarro (ou comboio, conforme o caso) para o centro da cidade, a empresa de transporte "oferece" estacionamento gratuito para o carro. Normalmente, estes serviços são frequentes (10 em 10 minutos) e rápidos. Os custos variam: por exemplo, em Cambridge o bilhete de autocarro é individual (cada pessoa tem de comprar o seu). Por outro lado, em Nottingham é muito mais interessante: o bilhete é por veículo, ou seja, até 6 pessoas que viajam juntas podem circular com o mesmo bilhete.

Agora já estamos mais conformados com o "sistema" e portanto, antes de ir para seja onde for de carro, vemos sempre onde é o Park & Ride. Se não podes vencer, junta-te a eles...

P.S.: Este é o centésimo post d'O Meu Lado Solar! 
É fantástico ter chegado a esta marca e queremos continuar. Temos de vos agradecer, pois quem nos lê é o que nos motiva a escrever. Queremos continuar a ouvir o vosso feedback, seja nos comentários do blog ou nas redes sociais. Um simples "gosto" ou "+1" já é motivo de alegria para nós!

Que o nosso (e vosso) Lado Solar continue a brilhar...e cada vez mais!
 

quinta-feira, 28 de março de 2013

Boston, Lincolnshire

No passado fim-de-semana fomos a Boston...não, não é "esse" Boston (no Massachusetts, EUA): é Boston, Lincolnshire. Curiosamente, o Boston dos EUA deve o seu nome a este Boston, devido aos colonos britânicos daí provenientes que lá atracaram algures no século XVII. E este não é caso único: não faltam exemplos de cidades britânicas com nomes correspondentes no Reino Unido! Por exemplo, Cambridge existe também no Massachusetts e é casa da famosa Universidade de Harvard. Mas também existe Londres (numa variedade de estados), Birmingham (no Alabama), Sheffield (em vários estados também), York (New York...) e até Cardiff! Mas não é desta curiosidade que vos queremos falar hoje.

Boston (Lincolnshire) é também casa de uma grande comunidade portuguesa: cerca de 5000 pessoas numa cidade com população total de 65000. Boston é uma cidade com um pequeno porto, em plena Inglaterra rural. Está bem no centro da maior zona de produção agrícola (estufas na sua maioria, o clima não dá para mais) da Grã-Bretanha. E é exactamente para esta indústria que têm vindo trabalhar nas últimas décadas estes nossos compatriotas, seja em trabalho sazonal ou permanente.

Boston, Lincolnshire (fonte: Wikipedia)
Quem chega a Boston e, em particular, ao "bairro" português não nota nada de diferente. Não se vêem lojas com indicações portuguesas (como em Lambeth e Stockwell em Londres), muito menos bandeiras portuguesas nas janelas. A constatação é evidente e a tensão sente-se no ar: os portugueses em Boston (e na maior parte da Inglaterra rural) não são bem-vindos por uma parte significativa da população.

O motivo é fácil de adivinhar. É a boa velha treta do "vêem estes aqui roubar os nossos empregos. Ide para a vossa terra.". Treta, por muitas razões. A maior destas é a que está visível para todos, menos para estes nativos: porque é que os patrões se dão ao trabalho de ir a Portugal buscar tanta mão-de-obra, na sua grande maioria indiferenciada, com tanta mão-de-obra britânica disponível?... o tom é sarcástico, já perceberam. Simplesmente, os nativos não estão na disponibilidade de fazer este trabalho. Não só os portugueses (entre outros estrangeiros, com os polacos à cabeça) ajudam a levar a agricultura britânica para a frente, como ainda ajudam a economia local e nacional: fazem descontos para a segurança social, pagam impostos, renda e imposto municipal (council tax), consomem nos (super)mercados locais, ajudando a criar novos empregos...é preciso mais? Isto é o que se pode chamar um "win-win" para nativos e estrangeiros. Mas há quem veja muito curto...

Situações lamentáveis envolvendo ataques e provocações têm vindo a decrescer, ao que parece. E ainda bem. Aparentemente, as pessoas já estão mais habituadas aos portugueses agora. Mas ainda não o suficiente para o supermercado Boston Delicatessen ter no exterior qualquer menção a Portugal. Infelizmente. Mas no interior é como se estivéssemos em casa (quase!). Mas uma casa "partilhada" com polacos e outros nativos do leste da Europa. É isso que a Boston Delicatessen é: um espaço onde encontramos um pouco de tudo que tomamos por garantido quando estamos em Portugal, inclusive um simples "olá" em Português.

Nunca nos sentimos "a mais" por aqui, pelo contrário. Ainda não tivemos o azar de ouvir "vai para a tua terra". Mas somos tão estrangeiros quanto os outros, pode acontecer... e os tempos estão para ressuscitar velhos extremismos pela velha Europa...esperamos estar enganados!