quinta-feira, 23 de julho de 2015

Páginas Amarelas


1980? 1990? Não, 2015!

É verdade, em 2015 ainda existem Páginas Amarelas no Reino Unido!

A aparência não é muito diferente daquilo que sempre conhecemos, mas o tamanho sem dúvida: bem mais pequena, certinha para marcos do correio (como o nosso), e fina. Mas não só. O conteúdo também evoluiu. Como podem ver pela capa, o objectivo aqui é focar os pequenos negócios, sem esquecer o "mundo electrónico" (até códigos QR tem!).

A região coberta por esta edição
O negócio das Páginas Amarelas sobrevive como pode à passagem avassaladora dos tempos. Num mundo em que tudo tem de ser "já e agora", não parece haver espaço para as Páginas Amarelas. Um pouco como os diccionários em papel (a não ser para uso académico).

Por outro lado, numa altura em que tudo é global e "se não está na net, não existe" é se calhar sensato voltar às raizes e pensar em quem está à nossa volta. O Reino Unido é ainda um país com uma componente rural bastante evidente, com numerosos (e dispersos) pequenos aglomerados populacionais. O pequeno negócio é assim (ainda) muito relevante por aqui. Ao folhear a lista, tenho de reconhecer os méritos de ter à mão contactos locais para coisas tão práticas como mudanças e reparações nas casas. Vai dar jeito, mais dia menos dia.


Claro que sermos estrangeiros e, portanto, termos poucas referências torna a lista mais relevante, mas mesmo o comum dos britânicos consegue certamente arranjar motivos para não a deitar fora. Nós vamos certamente guardá-la!

quinta-feira, 4 de junho de 2015

Made in Portugal

Em Portugal temos a mania que só o que é de fora, isto é os produtos estrangeiros, é que são bons. Desta forma, desvalorizamos tanta coisa boa que temos no nosso país! Mas quando estamos fora do nosso país as coisas mudam completamente de figura pois sentimos muita a falta de determinadas coisas que em Portugal damos como garantidas.

Coisas como a nossa comida, o nosso vinho, o nosso pão, o nosso bom gosto no vestuário, do Sol, do poder ir à praia de biquíni e até tomar banho se nos apetecer, do nosso azeite divinal, na nossa pastelaria fina (as natas, por exemplo!), da nossa variedade de peixe fresco, do calor humano das pessoas (pelo menos no Norte do país, com as devidas excepções noutras regiões!) ... e a lista continua. Assim é nossa "obrigação", já que estamos "cá fora", levar o nosso nome bem longe e dizer com orgulho "Sou Portuguesa!!". Vamos lá ter orgulho do nosso país e de dizer sim "isto é made in Portugal".




Uma das coisas que mais admiro nos ingleses é a forma como eles "vendem" a imagem do país e dos seus produtos ao mundo e em particular à Europa. Vá Portugal vamos aprender com quem sabe a vender o nosso país e os produtos nacionais. Pois o que É NACIONAL É BOM!!


Nós, por cá, continuaremos a levar o nome do nosso país bem alto e a dizer com orgulho que SOMOS PORTUGUESES e que um dia queremos voltar para o nosso país, a nossa casa, a nossa família e os nossos amigos. Resta-nos esperar que esse dia não esteja num futuro demasiado longínquo...

quinta-feira, 21 de maio de 2015

"Um engenheiro foi chamado"

Esta é uma expressão muito vulgar por estes lados, que causa estranheza ao comum de nós, portugueses. Um médico foi chamado, tudo bem, mas um engenheiro?!

"An engineer has been called"... (fonte: www.365pubs.com)

Pois, o ponto aqui é perceber o que é um "engenheiro" por estes lados. Desde tempos para além do nosso conhecimento, um engenheiro é alguém que resolve problemas do dia-a-dia em nossas casas, onde trabalhamos ou na via pública. Até aqui tudo bem, na definição portuguesa do termo. A diferença salta à vista quando andamos na rua e vemos carrinhas de "heating engineers", "plumbing engineers" ou (heresia das heresias!) "electrical engineers". Ou seja, técnicos de ar condicionado, canalizadores e electricistas, respectivamente! Toda a gente neste pais que trabalhe no sector da construção/manutenção usa livremente o título "engenheiro". Então onde se situam os engenheiros, tal como os conhecemos em Portugal? Bem, não há grande (aparente) distinção. Um "electrical engineer" tanto pode ser um engenheiro electrotécnico como um electricista, um "civil engineer" tanto pode ser um engenheiro civil como um trolha. É assim mesmo. Já ouvi uma pessoa contar que quando uma vez se apresentou como engenheiro electrotécnico lhe perguntaram se tinha feito a instalação eléctrica da casa dele...

Apesar do significado tradicional da palavra engenheiro por estes lados, que por isso mesmo não pode ser "protegido", ainda muita gente fica frustrada com a situação. O título controlado "chartered engineer" (engenheiro "certificado", numa traducao muito livre), atribuído pelo equivalente britânico da Ordem dos Engenheiros, não tem feito o suficiente para sensibilizar o público para a profissão e separar as águas. Na verdade, a percepção geral da palavra "engenheiro" é considerada um dos motivos para a relativamente baixa proporção de alunos que vai para cursos universitários de engenharia por cá. Os adolescentes não se sentem atraídos a serem engenheiros, pela conotação publica e imagem que se tem do que é um engenheiro. Como calculam, isto sai e vai continuar a sair muito caro ao Reino Unido. Estima-se que 2.2 milhões de engenheiros serão necessários na próxima década no Reino Unido se este quiser manter um papel de liderança.

A questão do titulo "engenheiro" é tema mais que recorrente nas cartas dos membros para a revista da Ordem dos Engenheiros daqui. Deixo-vos com um desencantado desabafo de um membro, na minha opinião um das mais engraçadas cartas que li sobre o tema na revista. Para quem não está tão habituado ao inglês, o membro questiona porque não lhe chamam médico se ele é capaz de medir a sua própria tensão arterial, visto que para ser engenheiro basta apenas saber usar uma pá...

Fonte: revista "Engineering & Technology" do Institute of Engineering and Technology (IET), Fevereiro de 2015