sábado, 20 de dezembro de 2014

Feliz Natal!

Quase de partida para Portugal para celebrar o Natal com as nossas famílias e visitar os amigos, não queríamos fazê-lo sem desejar a todos, e em especial à nossas famílias e amigos, um Santo e Feliz Natal e que 2015 traga Saúde, Paz e Alegria a todos vós.

Quanto a nós, despedimos de um 2014 em grande e desejamos que 2015 seja pleno de sucesso a nível pessoal e profissional!

E continuem atentos ao nosso blogue pois no Ano Novo cá estaremos novamente!

Boas Festas para todos!!


terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Ely

Ely (lê-se "ili") é uma cidade muito simpática a norte de Cambridge (a meio caminho entre March e Cambridge). Cidade? Sim, não é engano!

Vista de Ely junto ao rio Ouse (fonte: visitely.eastcambs.gov.uk)

Do alto dos seus 20 mil habitantes e 60km2 de área é apenas o equivalente a "meia Bury St Edmunds". A grande razão para Ely ser uma cidade e vilas muito maiores não o serem é puramente uma questão política. As "cidades" são atribuídas por Royal Charter (Decreto Real) com base em alguns critérios mais ou menos arbitrários, mas essencialmente a presença da Catedral diocesana é o critério decisivo. A diocese de Ely cobre quase todo Cambrigeshire (excepto Peterborough, que é outra cathedral city!) e uma parte de Norfolk.

Vista aérea de Ely, com a Catedral ao centro (fonte: news.bbc.co.uk)

Ely é famosa nacionalmente pela Catedral, que é de facto impressionante. Há alturas durante o dia e ao Domingo em que não se paga, mas regra geral paga-se a admissão. Mas o bilhete é válido por um ano e inclui visita guiada (nas horas do dia em que elas estão marcadas).

Grande plano da Catedral de Ely (fonte: www.panoramio.co.uk)

Foi aqui que foi filmada a "coroação" do Rei Jorge VI no filme "O Discurso do Rei" (com o Colin Firth) e não em Westminster (onde o evento "a sério" se realizou).

Vista da entrada da Catedral (fonte: www.idps.org.uk)

Outro "momento de glória" da catedral é aparecer ao fundo na capa do álbum dos Pink Floyd "The Division Bell". O álbum em si é uma homenagem às raízes da banda, nas margens do rio Cam, bem perto de Ely.

Capa de The Division Bell (Pink Floyd), com a Catedral ao fundo entre as estátuas (fonte: wikipedia.com)

Por falar de rio, a passagem de comboio fica na memória à primeira pelo panorama criado pelos típicos barcos estreitos com a catedral em fundo.

Vista de Ely ao passar de comboio (fonte: en.wikigogo.org)

Duas histórias muito interessantes sobre Ely: sabiam que já foi uma ilha? Ely, tal como March, faz parte de uma região ainda hoje conhecida como os "Fens" (pântanos). É uma zona muito plana e baixa (abaixo do nível do mar em alguns sítios!) e até há 400 anos apenas se conseguia chegar a Ely de barco!

A ilha de Ely (Elyg) em 1071, com Cantabrigie (Cambridge) a Sul (fonte: www.jamesaitcheson.com)

Por esta altura, a Realeza, conjuntamente com o Parlamento, chamaram os holandeses (quem melhor que eles!) para "drenar" os campos (construindo um sistema de valas e canais) e foi o fim da ilha. Foi certamente um admirável trabalho de engenharia, principalmente tendo em conta a limitação de conhecimentos técnicos e ferramentas! Mas este é um trabalho contínuo: ainda hoje os "Fens" são drenados para evitar cheias.

A outra história tem a ver com uma personagem histórica: Oliver Cromwell. Apesar de constar dos livros de história, é alguém que o "sistema" vigente não gosta de dar grande atenção... Cromwell viveu dez anos em Ely entre 1636 e 1646 (quando Ely ainda era uma ilha) e a casa onde vive é agora a casa-museu Oliver Cromwell. É uma personagem algo sinistra, uma espécie de Salazar inglês no século XVII. Liderou uma das facções da chamada Guerra Civil inglesa, que culminou com a sua vitória e a consequente execução (!) do Rei Carlos I na guilhotina.

Estátua de Oliver Cromwell em Westminster, juntinho às casas do Parlamento (fonte: www.urban75.org)
Foi a vitória do parlamentarismo sobre a monarquia absoluta, em que só o Rei é que sabia e contestá-lo era um sacrilégio (dado o direito "divino" dos Reis). A partir daqui, o parlamento tornou-se o regime e de facto a monarquia tinha terminado (foi o único momento da história de Inglaterra em que não houve monarquia). Oliver Cromwell tornou-se o líder do Governo republicano mas acabou por usar a mesma "receita" dos Reis: só ele é que sabia e, no fundo, ele era como que um "enviado de Deus" para varrer a corrupção e os vícios do sistema (soa a algo familiar?). Claro está que o parlamentarismo tornou-se rapidamente ditadura militar. O "reinado" de Cromwell não durou muito e o seu fim não foi bonito (vou poupar-vos a pormenores!). A verdade é que dois anos depois da sua morte a monarquia voltou, desta vez como "monarquia parlamentar" e um novo Rei, Carlos II. Um híbrido entre as duas facções iniciais, portanto: existe o Rei, que supostamente manda, mas na verdade é o parlamento quem decide. Nada de substancial mudou no entretanto. Portanto, a partir de agora quando ouvirem a expressão "manda tanto como a Rainha de Inglaterra", já sabem como começou!
 

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Fogo que queima a carteira!

Qual é a probabilidade de em Portugal alguém pagar para ir ver um banal fogo-de-artifício? E quando o valor a pagar é 7 euros para os adultos, 6 para as crianças e 22 para uma família com dois filhos? E, mais precisamente, quem pagaria estes valores (ou outros quaisquer) quando o mesmo fogo é visto do outro lado da “cerca”, a uns metros de distância, completamente à borla? Ah, e sem uma motivo de “caridade” muito concreto para justificar este pagamento. Quase zero? Bem, é o que nos parece. Mas se tivessem vindo a Bury St Edmunds no passado Sábado teriam mais uma prova de que existem diferenças culturais entre Portugal e o Reino Unido!

fonte: bury-st-edmunds.roundtable.co.uk

Cerca de sete...mil (!!!) pessoas, de acordo com os jornais locais, juntaram-se nos Abbey Gardens ao início da noite de Sábado para experienciar aproximadamente 20 minutos de fogo-de-artifício. Engarrafamentos e a quase impossibilidade de estacionar no centro provaram-nos o quão podemos ainda ser surpreendidos neste país. Ao ver aqueles preços, nunca nos passou pela cabeça aquele panorama.

fonte: buryfreepress.co.uk
Este espectáculo insere-se na tradição anual do Bonfire, que explicamos no blogue noutra ocasião. Ninguém leva o evento pirotécnico muito “a sério” (em termos de motivações) mas no fundo é uma espécie de “Dia do Orgulho Anglicano”. O que é realmente levado muito a sério é o aspecto lúdico do Bonfire. Em todos os cantos e esquinas encontramos “kits” de pirotecnia, para todos os orçamentos, para rebentar com o maior estrondo possível chegado o dia. É realmente impressionante, mesmo em pequenas vilas. Parece um ataque aéreo massivo! Perigoso? Sim, sem dúvida, pensamos nós, mas a realidade é que não se ouvem grandes preocupações com isto numa tradicionalmente "securitária" sociedade britânica!

fonte: burymercury.co.uk

Bem, mas para ser justo com o povo britânico, é muito raro ver fogo-de-artifício ao longo do ano. Vemos no Ano Novo em Londres e Edimburgo, mas pouco mais. Não é um país de “foguetes”. O que contrasta com o país do foguetório que somos, em que todas as terras e terrinhas, festas e festinhas têm de ter fogo-de-artifício para a celebração ser “como deve ser”! E então ouvimos foguetes “noite sim, noite não” de Junho a Setembro, o que diminui o “valor” dos foguetes e do espectáculo associado. É compreensível a excitação, mas daí a pagar 7 euros para ver fogo-de-artifício no céu que é de todos… ainda não estamos assim tão “british”!