sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

O primeiro passo: a nova casa (3)


Com as mudanças, vêm as contas. E como nada que saiba bem é obtido sem dificuldades, também temos bastante que contar!

Uma das primeiras coisas que fizemos mal chegamos à nova casa foi reportar de imediato à companhia de electricidade e gás (a mesma para os dois, no nosso caso) e à companhia da água que tínhamos chegado à casa, que queríamos comunicar as leituras e abrir ficha na empresa. 

No caso da companhia da água, correu tudo lindamente e ficamos a saber que não tínhamos contador da água em casa, pois a nossa casa ainda é do tempo em que a conta da água depende do valor comercial da casa. Eu explico: até há alguns anos não existiam por aqui contadores de água e a mesma era paga pelo valor comercial da habitação, calculado pelo conselho municipal. Gastasse-se muita ou pouca água, pagava-se o mesmo. No entretanto as coisas mudaram, mas quem quis manter este sistema pôde. Nas novas casas e para quem livremente mudou para o sistema de contador, já não se pode voltar a usar este sistema de pagamento da água. No nosso caso, temos uma casa sem contador e, depois de reflectirmos um pouco, pensamos que não valeria a pena mudar o sistema (a senhoria não tinha objecções à mudança).

Quanto à companhia de electricidade e gás…meia dúzia de chamadas e mais de meia hora de chamadas para o call centre (a pagar, pois claro!) não chegaram ainda para resolver os problemas! Os antigos inquilinos da casa tinham as contas em nome do “ocupante”: ou seja, não em nome de ninguém em específico. Mas isso não é um problema de maior: o grande problema é que eles deviam (e muito) à companhia e chegámos a receber cartas a ameaçar o corte de serviço e a instalação de um contador pré-pago (tipo cartão de telemóvel)! Para além de cobrança judicial, evidentemente. Esta parte foi ultrapassada com o nosso envio de documentação a provar a nossa entrada na casa e com a abertura de uma ficha em nosso nome (ensinamento do dia: fujam sempre de contas em nome de “The Occupier”!! Criem sempre o vosso próprio registo!). Contudo, um novo problema apareceu (e ainda não desapareceu!): deu-lhes para cismar que temos um contador bi-horário (isto é, com duas leituras). Pois, mas definitivamente não é! E enquanto esta situação se mantiver quem é prejudicado somos nós pois a tarifa bi-horária não nos é nada vantajosa aqui. Já me cansei de ligar para lá, mandei um email de reclamação, mas nada até agora. Próximos capítulos em breve…

A Internet e o telemóvel não nos trouxeram quaisquer problemas até ao momento. De notar que, para se ter boas tarifas em ambos os serviços, é regra geral necessária a fidelização por um mínimo de doze meses, tempo que para nós é um (grande) ponto de interrogação…

Outro passo essencial para quem se muda para um novo país por um período minimamente razoável é a abertura de uma conta bancária nesse país. E, para não variar, mais complicações! Tínhamos visto aqui que abrir uma conta não seria tarefa fácil, mas que no HSBC era bastante provável conseguir. Lá fomos, levámos toda a papelada, tudo corria muito bem até que…o “sistema” recusou-se a abrir-nos a conta! Nem a mim sozinho, nem à Joana, de forma nenhuma! A senhora bem nos perguntou se alguma vez tínhamos aberto conta cá, se tínhamos alguma vez falhado a mensalidade de alguma coisa, por exemplo… é que simplesmente o “sistema” deu-nos uma nega... e temos uma carta a dizê-lo textualmente, vai ficar no nosso "relicário" pessoal! Nunca nos tínhamos sentido tão junk (lixo), tão... PIIGS! Não temos rating suficiente para abrir uma conta no HSBC, mesmo sem qualquer histórico no país. A solução foi então tentar outro banco. Foi-nos sugerido um mais “internacional” e fomos então ao Santander. Lá o atendimento foi muito sofrível (incomparavelmente pior que o HSBC) mas lá conseguimos abrir uma conta! Mas nitidamente foi à rasquinha…e apenas uma conta de estudante internacional (ou seja, só em meu nome), o que significa que temos de pagar 5 libras mensais nos primeiros doze meses de comissões, por não termos histórico bancário no Reino Unido. É o “noviciado”… No caso da Joana, nesta fase só se pôde candidatar a uma conta de serviços mínimos bancários, em que só se pode fazer depósitos e levantar dinheiro no multibanco. Mais nada, nem usar o cartão no supermercado para comprar o pão! 

Para terminar a saga das contas (para já, quem sabe se não voltamos assunto!), falta falar do imposto municipal (Council Tax). Este imposto é o equivalente ao IMI em Portugal, e serve para financiar o tratamento dos jardins, a recolha de lixo, a polícia, etc. Eu já sabia por experiência própria que, enquanto estudante a tempo inteiro, estaria isento do pagamento deste imposto. O que pensava é que a Joana também estaria. Mas não está, infelizmente. Contudo, existe um desconto de 25% para pessoas que moram “sozinhas” (visto eu não contar para a contabilização do imposto) e desta forma o custo é mais leve. Este imposto, tal como no caso da água, é baseado na avaliação que o conselho municipal faz da habitação.

Outras burocracias obrigatórias para quem chega de novo ao país são:
- arranjar um número de Segurança Social (National Insurance Number), através de um call centre do centro de emprego (Job Centre), quando se começar a trabalhar;
- obter um registo criminal (isto é facultativo, depende da profissão), que pode demorar 2 a 4 semanas a chegar. Este registo é pedido pelo empregador (mas pago pelo candidato!) no período de selecção para um novo emprego que lida directamente com o público (por exemplo, nos ramos da saúde e educação). 

Existem certamente outras burocracias (e chatices) neste período de estabelecimento numa nova realidade. Quando passarmos por elas, partilharemos a experiência!
 

2 comentários:

Cristina João disse...

Estou a ver que as burocracias (e chatiçes) não são só em Portugal :) E pelos vistos, aí são bem masi complicadas do que aqui... quem diria. bjs

J.B. disse...

Cristina, quem pensa que Portugal é o país das burocracias está redondamente enganado!! Aqui para tudo é preciso um papel ou uma autorização ou aprovação, ou registo, enfim... Estes tipos são demais!! Ah para já não falar que nunca falas com ninguém pessoalmente porque te encaminham sempre para um call centre e na Índia!! Bem, havemos de dar conta das últimas burocracias que faltam! ;) Bjinhos e obg por comentares aquilo que vamos escrevendo